A arquitetura pode contar a história dos pontagrossenses desde o princípio

Em celebração dos 200 anos de Ponta Grossa, membro da APPAC relembra o desenvolvimento da sociedade por meio da arquitetura

“É importante que a população conheça o que está por trás de edifícios da cidade, para entender a história de Ponta Grossa e criar maior senso de preservação”, diz João Lucas, estudante de arquitetura que estava presente na palestra de Gabriela Kiatsch Sgarbossa, arquiteta e membro da APPAC, no terceiro dia do PG Memória. Em coerência com o tema do evento, Álbum de Família, Gabriela abordou “A arquitetura é o álbum de família da cidade: A história da arquitetura de Ponta Grossa”. A arquiteta trouxe o desenvolvimento do município desde o início do povoamento da região até os dias atuais, e destacou como a história da cidade se manifesta por meio da arquitetura ao longo desse período. 

O estudante João afirma que não sabia do significado que muitos dos edifícios apresentados, conhecidos por ele, tinham para a história da cidade. Ele diz ter sanado curiosidades ao visualizar o desenvolvimento arquitetônico do município e a influência desse processo na sociedade. Um exemplo do que João se refere é o salto populacional que Ponta Grossa teve em 20 anos, entre 1900 e 1920, após a instalação da ferrovia. A arquiteta apresentou que, de 8.335 habitantes, a cidade passou a 20.171. Na época, apresentada por Gabriela como Belle Époque Pontagrossense, ideais republicanos de modernização perpassavam a linguagem arquitetônica, numa busca de afastar a cidade do seu passado colonial e escravista.  

Ademais, a forma que a arquitetura materializa a sociedade é perceptível, também, na presença de elementos europeus em algumas casas. Com a chegada de imigrantes em Ponta Grossa, aqueles que construíam suas casas adicionavam aspectos arquitetônicos que eram familiares a eles. Sendo assim, a arquitetura mostra também a diversidade que acompanha a população pontagrossense. Para Isabela Lopes, também estudante de arquitetura e espectadora da fala de Gabriela, entender a história da arquitetura envolve conhecer sua própria história. “Quando você vê as construções da cidade, sua memória volta à história de seus antepassados”, diz a estudante. 

Gabriela destaca que “estudar a história da arquitetura é entender quem nós somos como sociedade e como nós evoluímos ao longo do tempo”. Ela diz que, com o passar dos anos, novos símbolos passam a existir na paisagem de Ponta Grossa. Os Campos Gerais ainda são característicos dessa paisagem, e a sociedade se desenvolve em harmonia com eles num ciclo de desenvolvimento. 

A APPAC participa do PG Memória até sábado (19), último dia de evento, com o stand Receitas de Família. A celebração, promovida pela Prefeitura, faz parte da comemoração dos 200 anos de Ponta Grossa, e o público pode participar dela no Lago de Olarias. 

Texto e fotos por Cassiana Tozati