PG Memória encerra com o tombamento de 8 imóveis 

Imóveis preservados relembram a história de Ponta Grossa de uma perspectiva não centralizada 

Com poucos votos desfavoráveis para tombamento, bens de valor histórico, cultural, arquitetônico e ambiental serão preservados. A Sessão Pública de Tombamento fazia parte da programação do PG Memória, e ocorreu sábado (19), último dia do evento, preenchendo o Espaço Saberes. A APPAC estava presente na sessão que garantiu que a proposta do evento, de conhecer e valorizar a história de Ponta Grossa, fosse cumprida com o tombamento de 8 imóveis, que são: Gruta Santa Mônica; Rua Ermelino de Leão, nº 1.565; Rua Doutor Paula Xavier, nº 1.426; Rua Antônio Russo, nº 28; Rua Santos Dumont, nº 448; Praça Roosevelt, nº 43; Rua General Carneiro, nº 509; Rua Tibúrcio Pupo, esquina com Barão do Serro Azul, sem número, no Distrito de Guaragi (antiga Casa Comercial dos Irmãos Menezes). 

A professora e historiadora Elizabeth Johansen, membro da APPAC, estava presente na sessão e exemplifica o patrimônio cultural com a Gruta de Santa Mônica. “Quem pediu o tombamento desta gruta foi a associação de moradores, clube de mães, e uma série de representantes da comunidade do bairro Santa Mônica”, destaca. Ela acrescenta que quando a proposta foi realizada, houve discussão sobre a relevância arquitetônica da gruta, por não ser de alguma corrente arquitetônica e esteticamente pode ter sua beleza questionada. Elizabeth destaca que o significado da gruta valida a necessidade do tombamento: “a gruta foi construída para proteger um olho d’água, que foi o primeiro local de fornecimento de água para a ocupação do Santa Mônica. É um símbolo de décadas. […] A comunidade viu a relevância do lugar, e solicitou a preservação”. Para ela, isso é o patrimônio cultural, representativo da comunidade. 

Outro exemplo que a historiadora citou da relevância dos tombamentos que ocorreram sábado, foi o imóvel modernista Cine Teatro Pax, da Rua Antônio Russo, que representa um momento em que o modernismo sai da área central e vai para bairros, por isso, “não é só a arquitetura, o imóvel é o que ele simboliza”, diz a historiadora. Ela explica que o Cine Teatro Pax simboliza a construção, pela classe dos trabalhadores da ferrovia, de um local com características educacionais, a partir de filmes educativos, e de sociabilidade. A classe se organiza a partir do empenho do capelão Frei Elias Zulian e reproduz um imóvel com características modernistas atribuídas a arquitetos renomados. “Saiu do eixo da área central de Ponta Grossa e vai para um bairro operário. […] Ele tem um simbolismo, enquanto patrimônio, pela presença do estilo arquitetônico do modernismo paulista, presente no bairro, sendo um símbolo do crescimento de Ponta Grossa. Muito mais do que isso, é a ideia do lazer, sociabilidade, de uma classe trabalhadora”, conta a professora. 

Após o tombamento

O imóvel no Distrito de Guaragi, antiga Casa Comercial dos Irmãos Menezes, também foi tombado e é um exemplo de colaboração em prol do resguardo de imóveis. Os atuais proprietários foram à sessão e se posicionaram a favor do tombamento, porém, a manutenção e melhoria do imóvel não é uma possibilidade para eles, por razões financeiras. Diante disso, a arquiteta Gabriela Sgarbossa, também da APPAC, se coloca à disposição dos proprietários para pensar em um projeto de recuperação do imóvel. Segundo relato de Elizabeth sobre a sessão, a arquiteta diz que as necessidades do imóvel, para um olhar leigo, aparentavam ser muitas, mas que para um olhar técnico não era tão problemático. Além disso, Gabriela falou sobre as possibilidades do imóvel, considerando o cenário turístico do município, para lazer rápido. Assim, o imóvel foi tombado, em união de interesses, para preservar um local simbólico com potencial de adquirir novos significados com a recuperação. 

Texto por Cassiana Tozati