Preservação do patrimônio tem impacto educacional

Os patrimônios refletem evolução social, cultural, ambiental e são fonte criativa

Manifestações populares, monumentos, tradições, construções, sítios arqueológicos, formações físicas, biológicas e geológicas, entre outros, são exemplos de patrimônios culturais e naturais, materiais ou imateriais. É aquilo que uma cultura, povo, comunidade ou sociedade possui como um bem que manifesta ancestralidade, importância histórica, simbólica e identitária. Para encerrar agosto, mês do patrimônio, entenda o que caracteriza patrimônio e a relevância dele para a identidade pontagrossense. 

“A conservação do patrimônio é essencial para perpetuar o senso de identificação de uma comunidade com seu espaço de vida e a coletividade”, explica a geógrafa Fabelis Manfron Pretto. A profissional cita museus, sítios arqueológicos e exposições de patrimônios imateriais como exemplos de ferramentas de aprendizado, pois promove a compreensão da evolução social, cultural e ambiental. “Oferece um vínculo tangível com nossas raízes culturais, promovendo o senso de pertencimento e o respeito pela diversidade do ambiente e da sociedade”, conta.

Fabelis, ao falar especificamente de Ponta Grossa, comenta que há diversidade de patrimônio no município: “belas paisagens, abundância de recursos naturais, miscigenação de etnias e culturas, participação dos nossos munícipes em eventos históricos estaduais, nacionais e mundiais”. Ela indica que todos esses fatores são componentes da cidade e de sua população ao serem elementos transmitidos entre gerações. 

A geógrafa relata que a conservação dos patrimônios faz parte de uma luta, pois muitos são abandonados, não referenciados e desprestigiados. Ainda, ela indica que não se tratam de algo que ficou no passado, mas que é essencial para a atualidade ao oferecer conhecimento e identificação. “Preservação dos patrimônios é a salvaguarda contra o esquecimento, pois promove a continuidade da nossa história, estimula nossa criatividade e capacidade de inovação e, acima de tudo, fortalece os laços que nos unem”, diz Fabelis. Preservar é, portanto, investir no futuro da cidade. 

Diante disso, a professora de artes Cleonice Aparecida fala sobre o uso da apresentação de patrimônios, tanto materiais quanto imateriais, aos alunos no momento de ensino. “É uma forma de indicar a história da sociedade para eles. É relembrar que, antes deles, houveram outras pessoas que viveram onde eles vivem e compartilharam daquilo que eles compartilham ao conhecer um patrimônio”, diz a professora. 

Ela complementa que a utilidade desse conhecimento para o ensino é essencial, no sentido de inspiração. A professora reforça que preservar não significa se prender ao passado, mas usar dele no presente. “Os estudantes conseguem conhecer um patrimônio e pensar no que surge de novo a partir dele. É um movimento de estudo aliado à criatividade, valorizando a cultura em novas formas nas diferentes gerações. Os estudantes conseguem ressignificar aquilo que ficou no passado, mas para isso precisam ter esse passado conservado”, destaca. Por isso, Fabelis indica que “quando preservamos os edifícios históricos, nossas paisagens, ecossistemas e as manifestações culturais, asseguramos a continuidade da nossa história”. 

Tipos de patrimônio 

Considerando que o patrimônio é um meio de conhecimento, entender suas classificações também faz parte disso. Portanto, Fabelis caracteriza os patrimônios naturais e culturais, que estão abarcados nos materiais e imateriais. “Quando tratamos do patrimônio material falamos das construções, monumentos e outros artefatos físicos que representam a história de um povo. Já o patrimônio imaterial abarca as tradições, línguas, expressões artísticas e conhecimentos transmitidos oralmente, entre as gerações, ao longo do tempo”. 

Os patrimônios naturais, de acordo com a geógrafa, desempenha papel fundamental na manutenção do equilíbrio ecológico. “Ajuda na manutenção da biodiversidade e na qualidade dos ambientes rurais e urbanos. Ainda, contribui para a sustentabilidade, fornecendo recursos essenciais e garantindo a saúde dos ecossistemas”, esclarece a profissional. 

Para além do conhecimento

Além disso, Fabelis exemplifica um outro lado da preservação, que não reflete apenas no âmbito do conhecimento, mas também econômico. “O turismo cultural que pode acontecer quando monumentos e tradições são preservados, auxiliando na geração de empregos e crescimento econômico”. 

Texto por Cassiana Tozati