O passado no presente de Ponta Grossa

Exposição de fotografia retrata pluralidade de elementos significativos para história, memória e identidade pontagrossense

“Quem define o que é significativo ao ponto de ser representativo para sua comunidade é a própria população”, diz a historiadora, professora, sócia da APPAC, e representante da UEPG no Conselho Municipal de Patrimônio Cultural (COMPAC), Elizabeth Johansen. A exposição “Ponta Grossa e seus Patrimônios” , lançada pela Secretaria Municipal de Cultura, traz recortes da história pontagrossense para os visitantes, a partir de fotos daquilo que compõe a identidade da população. A curadoria é de Elizabeth, organizada com parceria da Casa da Memória Paraná e o Museu Cenas de Ponta Grossa. 

Para a pesquisadora de história local, a exposição auxilia no exercício de “olharmos para nossa cidade, nossa(s) gente(s), nossas tradições, tudo aquilo que nos classifica como pontagrossenses e nos diferencia dos demais”, diz Elizabeth. Na Estação Saudade são exibidas fotos de diferentes patrimônios de Ponta Grossa, ampliando, de acordo com a historiadora, o entendimento do patrimônio para além do tombamento. “A preservação de diferentes práticas culturais e bens materiais são importantes para nossa comunidade, pois são capazes de demonstrar as transformações pelas quais passamos”, diz. 

Ela destaca que as transformações estão nas vivências e não apenas nas mudanças do espaço físico da cidade, se tratando da “constituição paulatina de práticas sociais a partir da convivência de pessoas das mais variadas procedências, pois Ponta Grossa é um bom exemplo dessa diversidade, pensemos na herança dos tropeiros, dos afrodescendentes, dos imigrantes europeus chegados a partir de 1870, dos indígenas”, relata Elizabeth. 

Ao público que se dirigir, portanto, à exposição das fotos retiradas do acervo do Museu Cenas de Ponta Grossa, irá visualizar aquilo que foi selecionado para reflexão sobre a memória do município. As fotos “dizem muito sobre quem somos, são imagens de lugares e práticas que ainda existem, mas outros que não existem mais, no entanto, continuam como componentes do ‘ser pontagrossense’”, destaca a curadora da exposição. Por fim, Elizabeth descreve que todos os membros de uma comunidade são agentes históricos e o patrimônio cultural local está em todos os espaços dessa comunidade. 

Nesse sentido, a estudante Maria Luiza Pontaldi, de 22 anos, visitou a exposição no dia 22 de agosto, ainda Mês do Patrimônio Cultural. Ela descreve conseguir entender a história e os elementos que compõem a bagagem identitária da cidade onde vive, bagagem que a acompanha e acompanha seus familiares. “Não sinto que as fotos retratam aquilo que ficou congelado no tempo, pois o conteúdo fotografado ainda está presente em nós”, conta. 

Maria Luiza relata que entende como patrimônio o que é significativo para ela como membro da comunidade pontagrossense, e as fotos retratam fragmentos diferentes que formam essa comunidade. “Patrimônio não é apenas o tombamento dos locais que, como a Estação Saudade, são frequentados hoje por determinado público. Mas os patrimônios materiais e imateriais da cidade mostram que é uma cidade de trabalhadores, dos tropeiros, dos imigrantes e dos indígenas. Ponta Grossa se traduz numa diversidade de membros que podem ser reconhecidos graças aos patrimônios retratados nas fotografias”, finaliza a estudante, comprovando o objetivo da exposição de exibir a diversidade simbólica que compõe a cultura pontagrossense. 

“Ponta Grossa e seus Patrimônios” teve início dia 17 de agosto e será disposta ao público até 18 de setembro na plataforma do SESC Estação Saudade. Os horários de visitação são: de terça a sexta-feira das 9h às 21h, sábados e domingos das 10h às 19h. 

Texto e fotos por Cassiana Tozati